sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Hermano Vianna - Pirataria - O Globo 03/02/2012

Só há criatividade a partir do domínio público, da livre circulação das ideias


Direito autoral: tento não escrever essas duas palavras por aqui, para não ser acusado de colunista de um assunto só. Pouco adianta: a realidade vive me provocando com SOPAs, ACTAs e outras imbecilidades. Esses projetos de lei partem do seguinte pressuposto: a indústria da pirataria está a ponto de dominar o mundo; para combater essa ameaça, precisamos de urgentes medidas de exceção, de guerra (por isso sua propaganda tenta nos fazer acreditar que “a pirataria financia o terrorismo”). Então, por “questões de segurança nacional” ou “para salvar empregos”, governos — de forma pouco transparente — querem aprovar artifícios policialescos que podem determinar subitamente o fechamento de serviços da internet ou a prisão de pessoas, antes que tenham a possibilidade de defesa (o SOPA, por exemplo, obrigaria os acusados a recorrer em tribunais americanos, pagando os custos de advogados americanos).

Não estou aqui para defender os piratas. Sei que a pirataria, quando é pirataria mesmo, precisa ser combatida. Porém, não vejo razão para a criação dessas leis especiais para o combate, sobretudo se colocam liberdades básicas da democracia em risco.

Ninguém conhece ao certo o tamanho e o poder da pirataria. Os números que jornais favoráveis ao endurecimento das leis teimam em repetir (250 bilhões de dólares anuais! Menos 750 mil empregos!) são muito suspeitos: não se sabe de onde surgiram, em que estudos estão baseados ou qual a metodologia usada nesses estudos (geralmente financiados por órgãos da indústria que se diz vítima da pirataria). Além de declarações questionadoras como a de Neil Young (que disse esta semana que “a pirataria é onovo rádio”), tenho lido vários artigos que revelam outra situação, onde o impacto da pirataria não seria tão grande quanto afirmam os autores das novas leis ( muitas vezes atendendo apelos de quem deu dinheiro para suas eleições).

Julian Sanchez, pesquisador do Cato Institute (think tank “dedicado aos princípios de liberdade individual, governos limitados, mercados livres e paz” — portanto, nada comunista), publicou recentemente texto (http://bit.ly/yCqu7d) mostrando que, no meio da recessão atual, na verdade as indústrias de conteúdo estão bem, gerando empregos e produtos, se comparadas com outros setores econômicos. Números contra números, com várias interpretações — o que prova que nada é tão evidente assim, e não a ponto de necessitarmos de legislações draconianas para nos salvar (nós, defensores do estado de direito) de uma suposta barbárie iminente.

No lugar de gastar dinheiro (muitas vezes público) e perder sua credibilidade lutando contra o bode expiatório da pirataria (todos no fundo sabem: medidas como o SOPA não vão conseguir eliminá-lo), a indústria de conteúdo poderia trabalhar para aproveitar as enormes oportunidades que a cultura digital criou para a produção cultural planetária. A Casa Branca, quando fez manobra para se afastar do SOPA publicamente (pensando na reeleição de Obama), tentou empurrar o problema adiante, convocando o povo da internet a apresentar soluções. Nat Torkington, pioneiro da web na Nova Zelândia, respondeu, no “O’Reilly Radar”: “Inventamos a internet, a web, o MP3, o MP4, o wi-fi, o comércio eletrônico, o PayPal etc. O que mais você quer de nós? Agora é a vez de as indústrias de conteúdo gastarem alguns neurônios para continuarem relevantes no admirável mundo novo. Vão se catar!”

Mas o que as tais indústrias fazem além de nos ameaçar com prisão se continuarmos até a colocar links
em nossos blogs para sites onde pode haver pirataria? Mike Loukides, também no “O’Reilly Radar”, retrucou “Piratas são vocês, que fazem lobby fraudulento para aprovar no Congresso legislações que privatizam o domínio público, roubando benefícios que poderiam ser de todos. Muitas empresas de conteúdo degradam o domínio público, assim como siderúrgicas poluem o ar e a água, também bens comuns.” Devem ser punidas e não apoiadas com novas leis.

Em coluna sobre o sucesso de Michel Teló, escrevi que o domínio público é destino inescapável para a totalidade da criatividade humana. Isso não é novidade da cultura digital. Sempre foi assim. Só há criatividade a partir do domínio público, da livre circulação das ideias. Estou aqui inteiramente de acordo com os pensadores que criaram as primeiras legislações do direito autoral, como Thomas Jefferson, um dos pais da democracia americana. Nenhum deles equiparava bem material e bem imaterial ou achava que autores são proprietários eternos de suas criações artísticas. As criações artísticas são propriedade da Humanidade. Isso é ponto pacífico, consenso. Quando surgiu a ideia de direito autoral, a sociedade apenas concedeu, para os autores, o monopólio temporário de utilização comercial das obras de sua autoria,
tendo em vista poderem ter algum conforto material para possibilitar a criação de outras obras, que no futuro vão enriquecer o patrimônio comum.

Sempre foi assim: o monopólio de comercialização é temporário. Pois ideia é sempre criada a partir de ideias dos outros. E ideia é diferente de objeto material. Você não pode ter meu carro. Mas você pode cantar a mesma música que estou cantando, no momento em que canto essa música. Você pode me proibir de cantá-la, mas não pode apagá-la de minha memória, ou da memória coletiva. Lembre-se disso. Vou começar a próxima coluna a partir desse lugar comum.

As listas e um pote de MMs

A revista Epóca  nov 2011, publicou interessante artigo sobre uso de listas para gerenciar as tarefas do nosso dia a dia pessoal e profissional. Eu, particularmente sempre fui adepto das listas, uso lista para tudo: Em um projeto, Na elaboração de um software, na preparação de um apresentação ou aula, para as compras do supermercado, para planejar as férias, em fim para tudo. Muitas vezes somente o ato parar e relacionar atividades, tarefas, etc já resolve, outras não, temos que controlar, acrescentar, excluir, etc.
O que uso para fazer as lista? Lápis e papel, sim apesar de usar computadores, smartfones, Ipad, etc uso um lápis e um caderno onde faço minhas listas. Até hoje não encontrei um software que realmente atendesse alguns requisitos básicos para mim: hierarquização, múltiplas listas interelacionadas, etc  (Se alguém souber de um, por favor, me avisa). Voltando ao artigo, encontramos no texto um exemplo relacionado a elaboração de listas muito interessante:  O roqueiro e responsável pela logística da banda Van Hale tem um jeito diferente para checar a eficiência da organização local dos eventos onde a banda vai tocar. Ele solicita que no camarim coloquem um pote com MMs com a expressa exigência que não tenha nenhum MM de cor marrom. Se ao chegar no local encontrar um só MM marrom ele fica realmente preocupado e sai em campo com seus checklists.
http://revistaepoca.globo.com/Vida-util/noticia/2011/11/listas-que-salvam.html

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Somos viciados em certezas

"O cérebro humano não está projetado para conceber o 
acaso como possibilidade. Somos viciados em certezas"

Remember these two things and you’ll do well:

1. Clarity is more important than creativity.

2.
 Relevance is more important than repetition.
NOTE:  I did NOT say that creativity and repetition don't count.


The MondayMorningMemo© of Roy H. Williams,

domingo, 7 de agosto de 2011

Tática x Estratégia

Tática – “Saber o que fazer quando há o que fazer”
Estratégia – “Saber o que fazer quando não há o que fazer”
Ksawery Tartakower – Mestre Xadrez

quarta-feira, 16 de março de 2011

Hábitos esquisitos na criação?

Li no 2o caderno do Globo recentemente uma pequena entrevista com a escritora Gloria Perez que achei muito interessante por que remete aos hábitos que as pessoas tem quando estão em processo de criação: alguns correm, outros andam com as mãos no bolsos, outros param e pensam, e por ai vai, cada um tem seu habito, sua mania. Vejam a entrevista:

O Globo: Por que você só escreve em pé?
Glória: Comecei a escrever em pé por conta de problemas de coluna e isso acabou se traduzindo em ritmo, numa certa tensão que, par mim, é necessário a tarefa de produzir 32 páginas por dia.
O Globo: Há outras vantagens?
Glória: Escrever em pé me mantém o tempo todo no universo das personagens. Se eu sento, acabo relaxando, e voltando de vez em quando para a minha própria vida. Enfim, esquisitices de escritor.

.Não é somente os escritores que tem estas esquisitices todos temos. Qual é a sua? conta ai.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Os seis princípios de Faraday

De uma obra de Isaac Watts intitulada The Improvement of the Mind (A melhoria da mente), que leu quando tinha catorze anos, Michael Faraday adotou seis principios:
  • Sempre levar consigo um pequeno bloco com o fim de tomar notas a qualquer momento.
  • Manter abundante correspondência.
  • Ter colaboradores com o fim de trocar idéias.
  • Evitar as controvérsias.
  • Verificar tudo o que lhe diziam.
  • Não generalizar precipitadamente, falar e escrever da forma mais precisa possível.